Por Marco Dassori / Jornal do Commercio
O Amazonas registrou o maior número de geração de empregos formais de 2023, em julho, batendo a média nacional. Desta vez, as contratações (+21.211) superaram as demissões (-17.488) por uma vantagem de 3.723 vagas, equivalendo a um acréscimo de 0,77% sobre o estoque anterior. O impulso foi suficiente para superar com folga o dado de junho (+2.181), no sétimo mês de crescimento seguido. E, pela primeira vez no ano, o desempenho ficou acima da marca de 12 meses atrás (3.620). A oferta quase se limitou a Manaus (+3.452) e veio disseminada em praticamente todos os setores, com destaque para serviços. Apenas a agropecuária promoveu cortes.
A alta de vagas com carteira assinada no Estado (+0,77%) foi mais de duas vezes maior do que a da média nacional (+0,33%), além de superar a região Norte (+0,70%). Com isso, o mercado de trabalho formal amazonense encerrou o acumulado do ano com expansão de 2,88% e geração de 13.668 postos de trabalho. Também seguiu no azul no aglutinado de 12 meses (+4,72% e +21.976). O estoque – que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos – chegou a 487.376 ocupações. Os números foram extraídos da base do ‘Novo Caged’, e foram divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, nesta quarta (30).
O Brasil como um todo também teve mais admissões (+1.883.198) do que desligamentos (-1.740.496). O somatório de novos empregos com carteira assinada chegou a 142.702 e configurou alta de 0,33%. Mas ficou abaixo dos desempenhos de junho de 2023 (+157.198) e de julho de 2022 (+218.902). Em sete meses, foram criados 1.166.125 (+2,75%) vagas formais em todo o país, situando o estoque em 43.599.853 vínculos empregatícios. Todos os cinco setores econômicos avançaram nas admissões – com destaque para serviços (+56.303). O avanço se disseminou em todas as cinco regiões brasileiras e 26 das 27 unidades federativas – com exceção do Rio Grande do Sul.
Vale ressaltar que a oferta de empregos formais ainda está distante da demanda dos trabalhadores, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Os números mais recentes do IBGE mostram que o Amazonas encerrou o segundo trimestre de 2023 com o nível de desocupação em queda de 7,62%, mas em um patamar ainda elevado de 187 mil pessoas – ou 9,7% de sua força de trabalho. Apenas 55,4% (1,75 milhão) da população amazonense “apta ao trabalho” (14 anos ou mais) tinha ocupação remunerada, sendo que 56,8% (993 mil) dessas vagas não contavam com carteira assinada. O desempenho do terceiro trimestre de 2023 só será divulgado em novembro.
Serviços na frente
Assim como no mês anterior, nem todas cinco atividades econômicas fecharam abril com mais admissões do que desligamentos no Amazonas. Pelo segundo mês, o único dado negativo veio da agropecuária, que extinguiu 24 ocupações formais (-0,51%). Os cortes vieram da pesca e aquicultura (-2) e também da produção florestal (-26), em contraste com a agricultura, pecuária e serviços relacionados (+4). No aglutinado até julho, o setor já perdeu 146 postos de trabalho celetistas e sofreu declínio de 3,05% no seu estoque.
Em contrapartida, os serviços recuperaram a liderança do ranking de empregos do Amazonas, com aumento de 0,81% no estoque e criação de 1.821 empregos celetistas, em dado muito mais forte do que o de julho (+377). Os números mais relevantes vieram do grupo que reúne informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+1.122). No acumulado do ano, o setor gerou 10.049 vagas (+4,67%) e segue liderando a oferta de oportunidades no Estado.
Mesmo em um mês sem datas comemorativas e de movimento mais fraco, o grupo que reúne “comércio e reparação de veículos” (+0,69% e +749) ainda conseguiu galgar da penúltima para a segunda colocação. O número de postos de trabalho gerado também foi o maior do ano, correspondendo a mais que o dobro do atingido em junho (+311). As contratações foram impulsionadas pelo varejo (+660), seguido pelo segmento de “reparação de automóveis e motocicletas” (+82) e pelo atacado (+7). De janeiro a julho, a atividade já aparece no campo positivo e acumula saldo de 518 vagas (+0,47%).
Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, lembrou que 2022 foi um ano atípico, “cheio de problemas e ondulações”, que se propagaram ao presente ano, a despeito do otimismo de comércio e serviços com o fim da crise da covid-19. “Ainda estamos vivenciando uma crise, e as empresas ainda sofrem com a falta de poder de compra e negativação do consumidor. Isso tem impedido que as contratações sejam mais expressivas. Não obstante, temos de aguardar os resultados deste semestre, que sempre prego ser superior ao primeiro. Ainda vamos recuperar números”, asseverou.
Indústria e construção
A indústria também obteve saldo positivo, embora tenha caído da segunda para a quarta posição do ranking do Estado. O setor criou 451 empregos celetistas (+0,51%), em ritmo muito inferior ao de junho (+624). As contratações foram carreadas pela indústria de transformação (+504), favorecida pelas linhas de produção de “outros equipamentos de transporte”/motocicletas (+229). Foi seguido pela indústria extrativa (+17), em detrimento das divisões de água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (-52); e de eletricidade e gás (-18). Em sete meses, os empregos da manufatura amazonense avançaram 1,15% (+1.399).
“Os números do Caged denotam o momento de estabilidade do PIM e retomada gradual dos índices pré-pandemia. De um modo geral, os indicadores de trabalho do Amazonas têm se comportado de forma sólida ao longo do ano, a despeito do cenário econômico ainda altamente volátil, com inflação e taxa de juros elevadas. A expectativa do setor para o segundo semestre permanece de crescimento moderado. Precisamos avançar em questões importantes, como a redução da Selic e a Reforma Tributária. A partir desses pilares teremos um cenário propício para uma alavancagem da dinâmica econômica”, ponderou o presidente da Fieam, Antonio Silva.
Já a construção consolidou recuperação e marcou seu terceiro mês de saldo positivo, ao criar 726 postos de trabalho (+2,96%), em número abaixo do contabilizado em junho (+888). O avanço foi disseminado pelos subsetores de construção de edifícios (+183), obras de infraestrutura (+144) e, especialmente, serviços especializados para construção (+399). Em sete meses, a atividade teve o maior incremento e criou 1.851 novas vagas (+7,91%). Em ambas as comparações, a construção civil obteve as maiores altas da lista.
“O setor imobiliário do Amazonas teve o seu maior avanço em dez anos, no primeiro semestre. Isso mostra um mercado em evolução, que tem impulsionado a geração de empregos. Temos um déficit habitacional muito grande. Projeta-se um saldo positivo de 4.000 vagas para este ano. Outro fator é a chegada do verão, que deve impulsionar também as obras de infraestrutura. Além disso, a reformulação do Minha Casa Minha Vida tem dado mais confiança ao empresário, e temos o alento da Selic baixando”, concluiu o presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza.