Artigo - O ponto de equilíbrio entre comércio e consumidores nas vendas de fim de ano

O ponto de equilíbrio entre comércio e consumidores nas vendas de fim de ano

Marcus Evangelista

Economista

Segundo dados do Jornal Globo, coletados na pesquisa da plataforma PiniOn, nove em cada dez brasileiros pretendem comemorar o Natal 2023, sem dúvida uma ótima oportunidade para o varejo alavancar suas vendas nesse período do ano. Por outro lado, segundo os dados do Serasa, 76% das famílias brasileiras se encontram endividadas. Assim nasce o trade-off de como equilibrar esse interesse do comércio em vender e a capacidade de compras do consumidor.

No lado do comércio, 2023 foi um ano desafiador pois a estiagem dos rios dificultou a manutenção dos estoques para essa época do ano, mesmo assim as lojas fizeram um esforço extra e não se tem notícias de falta de produtos. Grandes promoções são anunciadas, assim como condições de parcelamento diferenciais, tudo para tentar conquistar a atenção do consumidor.

Segundo pesquisa feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio AM) através do Instituto Fecomércio de Pesquisas Empresariais do Amazonas (Ifpeam), onde entrevistou 950 consumidores, cerca de 98% pretendem fazer compras nesse final de ano, sendo que 80% pretendem o comércio físico e os itens mais desejados para esse Natal, em escala de prioridade são os seguintes: vestuário, calçados, perfumes, brinquedos e acessórios. Se todas as perspectivas se concretizarem, as vendas natalinas e de final de ano devem ser positivas para os comércios locais, fato importante, para suprir as dificuldades sofridas nas vendas durante todo 2023.

Para os consumidores as compras do fim do ano são uma tradição. As festas natalinas fazem parte de períodos tradicionais em que presentes são trocados, amigos-secretos acontecem, comemorações de famílias são constantes, como também é a época do ano onde ocorre a presença de promoções e “ofertas de final do ano”.

Segundo estudos da META, que realizou uma análise dos consumidores, 89% deixam para o fim do ano para fazer as suas compras planejadas, da Black Friday até o Natal, que é o período do ano onde, para eles, os preços estão menores. Os usuários também possuem preferências quando se trata de métodos de pagamentos. 30% dizem priorizar o cartão de crédito e logo em sequência aparecem PIX (25%), cartão de débito (15%) e dinheiro em espécie (9%).

A tendência de compras de fim de ano é reforçada com a situação do poder de compra dos consumidores que continua sob pressão devido à inflação, o que impacta diretamente os orçamentos familiares. A inflação está forçando uma transformação nos padrões de consumo, tornando-os mais racionais e orientados pela comparação de preços. De acordo com o estudo Ipsos Essentials de 2023, conduzido em 36 países, incluindo o Brasil, as categorias mais afetadas por essa mudança são alimentos, produtos de limpeza e eletrodomésticos. Eles estão sendo substituídos por produtos ou serviços semelhantes, mas com preços mais baixos.

Nas ceias de fim de ano a tendência de substituição segue na mesma linha onde os consumidores tendem a substituir os itens importados de época por produtos similares nacionais e com preços mais baixos. O bacalhau é um grande exemplo, pois é comumente substituído por peixes regionais, o mesmo ocorre com o tradicional peru que é preterido por aves similares e mais baratas.

O Natal e festas de fim de ano se aproximam, espera-se que comércios e clientes encontrem o ponto de equilíbrio e façam com que a expectativa que as vendas sejam as melhores dos últimos 4 anos, uma realidade.