Por Amanda Carla Evangelista
Economista e Conselheira do Corecon/AM
A redução da taxa Selic determinada em reunião pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), que é responsável por definir a taxa com base na análise das condições econômicas do país, foi uma decisão acertada de política expansionista. Com objetivo de promover o crescimento econômico, a redução ocorrida, no dia 20 deste mês, provocou novo corte de 0,50 p.p, a taxa que era na ordem de 13,25% em agosto, atingiu a marca de 12,75%, com expectativa de seguir a tendência de declínio ainda nesse ano.
A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a oferta de moeda na economia, já que influencia diretamente os juros praticados no mercado, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e do rendimento de investimentos em renda fixa, como os títulos públicos do Tesouro Direto.
Assim, a queda da taxa Selic é fator de impacto significativo no mercado, pois os juros tendem a ficar mais baixos, facilitando o acesso do crédito à população, o que pode estimular o consumo, impulsionado pelas vendas no comércio, especialmente em setores como varejo, com compras de eletrodomésticos, veículos e imóveis. Com aumento da demanda por esses bens, a tendência é de que haja aquecimento também na produção industrial para que possa ofertar bens suficientes.
Outro aspecto positivo é a redução dos juros cobrados pelas instituições financeiras que pode encorajar a busca de créditos pelas empresas para expandir seus negócios com a compra de novos equipamentos e desenvolver novos projetos. Isso permite baratear os custos da linha de produção e, possivelmente, repasse de economias ao consumidor final, por meio de preços mais acessíveis. Com preços mais baixos, as empresas podem atrair mais clientes e alavancar suas vendas.
Esse estímulo ao crédito também torna mais atraente o uso do crediário, já que as parcelas mensais a serem pagas ficam mais acessíveis à população.
A previsão é de que haja recuo no nível de desemprego no estado do Amazonas, que atualmente possui taxa de 9,7% de desemprego superior à média do Brasil, com aproximadamente 187 mil pessoas desempregadas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além do esperado aumento da contratação de mais trabalhadores, há a tendência de aumento salarial, diga-se a médio prazo.
Analogicamente, a economia brasileira pode ser visualizada como uma complexa orquestra sinfônica seguindo uma partitura e preceitos musicais criados pelo compositor que garantem a melodia, assim, é o mercado, guiado por regras e regulações estabelecidas pelos governos e instituições financeiras, visando garantir o equilíbrio, e o funcionamento adequado do sistema econômico.
Dessa forma, apesar dos impactos positivos na queda da Selic, as reduções ainda previstas para 2023 devem ser gradativas e moderadas para não afetar negativamente o poder de compra dos consumidores, apresentando um efeito contrário ao crescimento esperado.