Artigo - Por uma urgente integração comercial, cultural e científica da Pan-Amazônia

Artigo - Por uma urgente integração comercial, cultural e científica da Pan-Amazônia

Osiris M. Araújo da Silva

Economista

Segundo Bertha Becker, o Brasil, no século XX, viveu quatro importantes revoluções tecnológicas: a criação da Petrobrás, em 1953; da Embraer, em 1969; da Embrapa, 1973, e a instituição do Proálcool, em 1975. A quinta revolução tecnológica brasileira será a da Amazônia. Disso o Brasil haverá de se conscientizar, mais cedo ou mais tarde. O maior desafio, ao que Becker fundamenta, será o de considerar “o elemento social nos estudos de conservação, ao mesmo tempo promover o uso, nos modelos de assentamentos rurais, do fator biodiversidade como elemento estratégico de desenvolvimento regional”.

Questões que se estendem em grande proporção à Amazônia sul-americana, a Pan-Amazônia, cujo processo de crescimento depende diretamente do tripé mais pesquisas, mais cooperação, mais integração comercial e econômica entre os países membros. As respostas a esses desafios poderiam ser oferecidas pela Universidade Amazônica com a função primordial de promover a integração e governabilidade do sistema de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I). Mas que não sai das intenções desde a criação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

Há que se observar que o tempo nesta parte do mundo é próprio, particular e único. Ações voltadas a contornar os entraves interpostos pouco evoluem. Exemplo: a navegabilidade dos rios amazônicos prossegue sem avanços, prejudicando fortemente o processo de integração regional face a carência de soluções técnicas, políticas e diplomáticas. Lamentavelmente, ainda não se tem noção precisa de qual o modelo mais apropriado institucional e economicamente capaz de promover o desenvolvimento da região.

O processo de integração da Pan-Amazônia exige, fundamentalmente, o estreitamento da cooperação em relação à base do ensino, pesquisa e extensão. A OTCA poderia assumir a responsabilidade de estudar em profundidade a questão. Não há dúvida de que, diplomática e politicamente a unidade regional passa pela conjunção desses macro-objetivos. Somente governança bem estruturada haverá de proporcionar a necessária capilaridade de informações científicas e tecnológicas aqui produzidas, essenciais ao processo.

Dentre as pendências avultam a) transferir a sede da OTCA de Brasília para Manaus, medida que conferirá maior identidade, agilidade e eficiência de suas ações, b) criar de imediato a Universidade Pan-amazônica dotada de condições financeiras, pessoal especializado e instalações adequadas, tendo em vista o exercício da governança do sistema de ensino, pesquisa e extensão, c) modernizar e tornar acessíveis os marcos regulatórios comuns aos países integrantes, d) investir em logística de transporte em favor da cooperação comercial e turística.

Somente assim se poderá romper o processo de estagnação aqui predominante e promover a efetiva integração econômica, educacional, social e cultural da região, do que se beneficiará o comércio, o turismo, a cooperação científica e a logística de transporte e comunicação, incluindo a idiomática.