Artigo - Navegando nas águas do comércio de Manaus (Parte II)

Artigo - Navegando nas águas do comércio de Manaus (Parte II)

Por Rodemarck de Castello Branco

Economista

A concentração das vendas em grandes redes de varejo tem impactado negativamente a participação dos pequenos negócios no mercado. Um exemplo disso ocorre no setor varejista de alimentos, onde pequenos comércios estão perdendo espaço para redes de supermercados que se instalam em suas áreas de influência.

No entanto, é interessante observar que, mesmo diante desse cenário desafiador, estão surgindo novos grupos locais de supermercados que anteriormente estavam restritas a uma única loja de bairro. Essa tendência indica que empreendedores locais têm buscado estratégias criativas e inovadoras para se adaptar às demandas do mercado e competir de forma eficaz com as grandes redes

A expansão geográfica é uma característica marcante da atividade comercial, que se espalha às margens dos eixos de transporte e dos núcleos populacionais. Nos estágios iniciais de crescimento dos centros urbanos, é comum observar uma aglomeração das atividades comerciais na área central da cidade, enquanto os espaços adjacentes são ocupados por residências da população de maior renda.

À medida que as áreas urbanas se expandem e as residências se deslocam para regiões circunvizinhas, o comércio se adapta a essa nova configuração espacial, resultando na formação de um “centro estendido”. Em Manaus destacam-se comércios localizados em regiões mais próximas ao centro da cidade, como Djalma Batista, Vieiralves, Praça 14, Paraíba e Boulevard Álvaro Maia.

O aumento da densidade demográfica de Manaus tem impulsionado o surgimento de diversos centros comerciais nas áreas urbanas de Manaus, com muito deles expandindo sua área de influência ao atrair consumidores de regiões circunvizinhas. Esse fenômeno gera um ciclo virtuoso de desenvolvimento comercial nesses bairros.

Conforme a infraestrutura urbana dessas localidades melhora, novos moradores são atraídos, o que, por sua vez, estimula o surgimento de novas lojas, criando um ciclo de retroalimentação. As áreas com maior dinamismo econômico são verdadeiros imãs para a instalação de Shopping Centers, centros comerciais de pequeno porte e filiais de redes varejistas. Em Manaus, há uma série de bairros que exemplificam essa tendência, tais como Cidade Nova, Nova Cidade, São José, Alvorada, Compensa, Coroado, Ponta Negra, entre outros.

Ao analisar a arrecadação de ICMS em 2022, destaca-se a contribuição significativa do comércio e dos serviços, que corresponderam a 45% e 8%, respectivamente. No âmbito do comércio, é relevante mencionar as principais fontes de arrecadação. A notificação de mercadorias nacionais foi responsável por 35,7%, seguida pela substituição tributária com 30,3%. A apuração do comércio contribuiu com 9%, enquanto a importação de combustíveis representou 14,5%. Vale ressaltar que a arrecadação proveniente de combustíveis e energia elétrica, em suas diferentes modalidades de recolhimento, correspondeu a 33% do total arrecadado pelo setor comercial.

Para uma análise mais aprofundada do setor de serviços, é relevante observar a arrecadação de ISS na cidade de Manaus. No ano de 2022, a arrecadação alcançou a marca de R$ 963,4 milhões, representando um crescimento de 11% em relação ao ano anterior. Comparado a 2017, houve um crescimento real de 52,6%, evidenciando a expansão dessa atividade econômica na cidade de Manaus.

Esses dados demonstram ser indubitável a importância dos setores comercial e de serviços na economia da cidade de Manaus, pela capacidade de gerar empregos, incentivar o empreendedorismo, contribuição ao recolhimento de tributos, expansão territorial e capacidade de alavancar outras atividades.