Francisco de Assis Mourão - Economista, professor universitário e consultor de empresas
Iniciamos o presente artigo focando na necessidade de trazer a preocupação para o mercado diretamente voltado para o consumidor, razão de ser de qualquer empresa.
Em tempos de Reforma Tributária com nuances difíceis de compreender, não se vê como discutir políticas econômicas indefinidas a curto prazo e a mercê da influência do jogo político. Assim, ouso reativar alguns ensinamentos das leis descobertas pela Ciência Econômica que afinal das contas é quem servirá de bússola para o empresário entender seus clientes e criar sua própria política de preços e estratégias de vendas.
Em primeiro plano, há que saber se a empresa faz parte de alguma instituição que se apresente como sendo entidade que forme um grupo que se caracterize (mesmo em caráter dissimulado) como sendo uma força oligopolista, objetivando influir diretamente junto aos governantes, para incluir nas regras de governo, os elementos que venham favorecer o setor de interesse, em desempenho de sucesso no mercado. Dado o evidente interesse do Governo em influenciar as regras e leis de mercado para aumentar a arrecadação, como os comerciantes podem responder ou se defender para evitar restrições à liberdade comercial e a imposição de encargos fiscais? Não se vê outro método a não ser utilizar a força do aglutinamento empresarial a exemplo da FEBRABAN e ANFAVEA para ser chamado a participar das reuniões importantes no âmbito governamental.
Trazendo a questão para o Amazonas, se percebe a existência de grande desenvoltura na instalação de farmácias e drogarias. Porém, é sabido que dentre as centenas de pontos de venda existem dois ou três grandes distribuidoras, que aparentemente agem de modo independentes. Será? E como está atuando o dinâmico comércio de Materiais de Construção Civil? Cada um por sí? Ora, essa força do mercado comercial, responsável por bilhões de reais diariamente transacionados na Zona Franca de Manaus, pode ser transformada em “força política”.
O comércio legal vem se fortalecendo cada vez mais, principalmente se for adicionada a potência das compras com origem nos recantos do interior do Estado. Na semana passada, houve convocação dos organismos fazendários, para prestar contas do andamento da Reforma Tributária em Brasília, e o resultado foi a demonstração de um CENÁRIO DE INCERTEZAS, até porque a política macroeconômica favorece a instalação de ensandecido aumento da arrecadação tributária, sob clima de total incerteza quanto aos métodos de decisão centralizados em Brasília.
E quem vai dar suporte para essa corrida do “ouro federal” é a renda da população que sob os efeitos das Leis Econômicas está distribuída, inevitavelmente, sob as CLASSES SOCIAIS. Porém temos que ter em mente que a renda real disponível, que é a renda após a dedução das poupanças, está sendo corroída pelo processo inflacionário. Além disso, boletos diversos de acesso ao consumo qualitativo, como a educação, também afetam a renda real disponível.
Portanto, a distribuição do consumo deve ser complementada com informações sobre o orçamento das famílias e a renda real disponível para que seja possível analisar a situação econômica das classes sociais.
Esse é o nicho de mercado de qualquer comerciante, seja de grande porte, seja de médio ou pequeno poder de oferta de bens e serviços.
Nos próximos artigos pretende-se abordar a situação dos mais diferentes setores comerciais, para trazer informações importantes para serem discutidas e servirem de apoio às reivindicações junto aos setores governamentais.