Marcus Evangelista
Economista e presidente do Corecon/Am
O Estado do Amazonas é territorialmente gigantesco, o Polo Industrial de Manaus (PIM) fatura em torno de US$ 50 bilhões/ ano e o subsolo é riquíssimo. Há, no entanto, lacunas que precisam ser preenchidas, no desenvolvimento estadual. E a natureza tem oferecido as ferramentas para que o País veja quais são, com toda clareza.
Os amazonenses atravessam momento desesperador. A fumaça toma conta das principais cidades, tornando o ar irrespirável. Os rios estão batendo recordes de vazante. O rio Negro, por exemplo, desceu aos 13,53m acima do nível do mar, deixou para trás a maior marca do século, a de 2010, que eram 13,63m. A logística para chegada de mercadorias está cada vez mais difícil, devido aos bancos de areia, que surgem da noite para o dia e atrasam a navegação.
Nos municípios de Autazes e Careiro Castanho, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Corpo de Bombeiros lutam para apagar chamas que parecem ter vida própria.
Esse é também o tempo em que o caboclo faz uma escolha difícil: ou queima a mata para fazer o roçado da mandioca e outros produtos ou não tem o que comer no inverno. E o Governo do Estado e as Prefeituras Municipais lutam, desesperadamente, para tentar mudar esse modo de vida, o que só será viável enfrentando a geografia peculiar e oferecendo a alternativa da mecanização.
As evidências da falta que faz o investimento de longo prazo, como se vê, são muitas.
O PrevFogo, a Força Tarefa que reúne Presidência da República, ministérios, governo estadual e prefeituras, encontra enorme dificuldade de se mover. Faz muita falta uma BR-319 (Manaus-Porto Velho) com asfalto de qualidade. É a estrada que conduz a Autazes e Careiro Castanho. Quando os rios Madeira e Amazonas secam, os amazonenses dependem dela e é aí que se vê a importância que tem. Até porque, concomitantemente, Roraima também fica isolado. O Brasil, que jamais foge à luta, não há de virar as costas para esses dois entes federativos.
A situação do Amazonas, enfim, parece a de um time muito superior ao adversário, no jogo de ida, que desperdiça um caminhão de gols. No jogo da volta, no finalzinho, o adversário vai lá e faz um gol chorado, daqueles com bola devagar, mas que bate no zagueiro e entra. A falta da exploração da riqueza é assim, quando não gera o desenvolvimento que traria os recursos para prevenir calamidades.
A Potássio do Brasil está fazendo sua parte. Junta-se, em Autazes, à exploração do gás de Silves e Itapiranga, explorando o minério de potássio. Está pronta para contribuir na estruturação de uma alternativa econômica no Amazonas, melhorando a arrecadação de impostos, gerando empregos e criando oportunidades.
Solidariedade, com todo o povo amazonense, essa gente que vive a dura realidade do maior Estado da Amazônia.